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Bem-Estar 4m5s28

‘Meu filho só come arroz e frango. E agora?’ 2z6vg

Comportamento seletivo à mesa tem se tornado mais comum e pode prejudicar o desenvolvimento quando ignorado

Por Ana Carolina Leal

09 de junho de 2025, às 09h20

A seletividade alimentar costuma se manifestar a partir dos dois anos de idade - Foto: Adobe Stock

A cena se repete em muitas casas: o prato colorido chega à mesa, mas a criança só aceita o arroz branco e talvez um pedacinho de frango, desde que não esteja “com molho”. Embora muitos pais interpretem esse comportamento como birra ou fase ageira, a chamada seletividade alimentar tem ganhado cada vez mais atenção de especialistas e se revelado um desafio persistente na criação dos filhos.

Segundo dados da Rasbran (Revista da Associação Brasileira de Nutrição), até 40% das crianças em fase pré-escolar apresentam algum grau de seletividade, mesmo sem diagnóstico formal de transtornos alimentares. Isso significa que, para muitas famílias, a alimentação vira um campo de batalha diário e nem sempre com um final feliz.

A seletividade alimentar costuma se manifestar a partir dos dois anos de idade, quando a criança começa a expressar preferências mais claras e, ao mesmo tempo, a por um momento natural de neofobia alimentar (medo de experimentar novos alimentos). O problema é quando essa resistência se transforma em rotina.

“Não é só uma questão de gosto. Muitas vezes, há questões sensoriais envolvidas, como aversão à textura, à temperatura ou até ao cheiro dos alimentos”, explica Juliana Moura, psicóloga infantil e especialista em comportamento alimentar. Ela observa que o comportamento, se não for tratado com cuidado, tende a se consolidar e prejudicar tanto a saúde física quanto emocional da criança.

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Consequências reais – Dietas restritas e monotemáticas, comuns entre seletivos, podem levar a deficiências nutricionais importantes, como anemia, constipação intestinal, déficit de crescimento e até obesidade, um paradoxo que ocorre quando o consumo se limita a alimentos ultraprocessados, como biscoitos e massas, pobres em nutrientes, mas calóricos.

Além disso, o momento da refeição pode se tornar fonte de estresse e culpa para os pais. “Muitas famílias sentem que estão falhando. Mas é preciso compreender que lidar com a seletividade exige mais orientação do que rigidez”, diz Juliana.

O papel dos cuidadores – Em contextos urbanos, especialmente em famílias com rotinas intensas e múltiplos cuidadores (babás, escolas, creches), é comum que a alimentação da criança fique pulverizada e sem uma linha de conduta consistente. “Cada ambiente lida de um jeito. Isso confunde a criança e prejudica a formação de hábitos saudáveis”, alerta a psicóloga.

Pensando nisso, Juliana desenvolveu um projeto de atendimento domiciliar personalizado, focado justamente em orientar todos os adultos envolvidos na rotina alimentar da criança. A ideia é transformar a casa – espaço onde os vínculos afetivos e alimentares se formam – em um ambiente de estímulo e aprendizado.

“A alimentação precisa deixar de ser um campo de imposição para se tornar uma jornada de descobertas”, afirma Juliana.

Ela também alerta para práticas comuns que atrapalham mais do que ajudam como forçar o prato, trocar comida por recompensas ou distraí-la com telas. “Essas estratégias podem funcionar no curto prazo, mas não ensinam a criança a gostar de comer. Ao contrário, criam aversões ainda mais fortes”, explica.

O exemplo importa – Outro fator essencial, segundo a psicóloga, é o exemplo. “Pais que comem mal dificilmente conseguem estimular hábitos saudáveis nos filhos. O comportamento alimentar é aprendido, e a mesa deve ser um lugar de convivência, não de confronto”.

A boa notícia é que, com intervenção precoce, paciência e orientação adequada, é possível reverter o quadro. “Quanto antes começarmos, maiores são as chances de desenvolver um repertório alimentar variado, saudável e sem traumas”, conclui Juliana.

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