SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A música “Pretty Little Baby”, da cantora Connie Francis lançada em 1962, viralizou nas redes sociais e a faixa entrou para a lista das 50 canções mais populares no Spotify global.

O sucesso repentino se deve, em parte, ao trecho da canção: “Você pode perguntar às flores / Fico sentado por horas / Contando a todos os pássaros azuis / Os pássaros que arrulham / Meu lindo bebê, estou tão apaixonado por você”. Esse clima nostálgico inspirou vídeos com looks retrô, bebês e animais de estimação, especialmente no TikTok, onde já soma mais de 1,5 milhão de publicações.

Celebridades como a matriarca do clã Kardashian, Kris Jenner, e sua filha Kylie Jenner também entraram na onda.

Francis soube da repercussão pelas redes sociais graças a um amigo. “A primeira vez que soube disso foi quando [um amigo] ligou para me informar que eu tinha ‘um hit viral’. Claramente desatualizada com a terminologia musical dos dias atuais, minha resposta inicial foi: ‘O que é isso?’ Obrigada a todos!”, escreveu ela em seu perfil no Facebook.

No Brasil, o fenômeno se repetiu. Dados do Google Trends mostram que o interesse pela artista atingiu seu ponto mais alto em maio, o maior nos últimos dez anos.

Connie tinha 23 anos quando gravou a música, que faz parte do álbum “Connie Francis Sings Second Hand Love & Other Hits”. Em entrevista à People, ela afirmou que nem se lembrava de ter gravado a canção, que sequer foi lançada como single na época. Já ao New York Times, contou que também não recordava em qual álbum a tinha incluído. “Acho que ela [a música] tem um toque de inocência nestes tempos caóticos e se conecta com as pessoas”, disse.

Esse fenômeno não é exclusivo. Outras músicas antigas também ressurgiram graças às redes sociais, como “Somebody’s Watching Me” (1984), de Rockwell, e “Running Up That Hill (A Deal With God)” (1985), de Kate Bush, impulsionada pela série Stranger Things. Até mesmo por aqui aconteceu o mesmo efeito com “Acende o Farol”, de Tim Maia.

QUEM É CONNIE FRANCIS?

A cantora teve uma carreira de destaque no fim dos anos 1950 e início dos 60, emplacando 15 músicas no top 10 da Billboard, incluindo três que chegaram ao primeiro lugar: “Everybody’s Somebody’s Fool”, “My Heart Has a Mind of Its Own” (ambas de 1960) e “Don’t Break the Heart That Loves You” (1962). Ela foi a primeira mulher a alcançar o topo da parada norte-americana.

Com discos gravados em alemão, italiano e espanhol, Francis também regravou a música brasileira “Deixa Isso Para Lá”, de Jair Rodrigues, em versão adaptada com o título “Bossa Nova Hand Dance”.

Ela também já atuou em filmes como protagonista em “Quando Eles e Elas Se Encontram… “(1965) e Nas “Águas da Marujada” (1963). Foi casada quatro vezes e teve um filho com Joseph Garzilli.

Em 1974, foi vítima de violência sexual, e em 2002 entrou com um processo contra a Universal Music, alegando que a gravadora autorizou o uso de suas canções em dois filmes com cenas explícitas do mesmo tipo de violência. O trauma a levou a uma tentativa de suicídio e a internações em instituições psiquiátricas.

Aos 87 anos, Francis está aposentada e vive na Flórida. Recentemente, voltou a ser lembrada nos palcos. Ela é retratada como personagem no novo musical Just in Time, em cartaz na Broadway. O espetáculo é baseado na vida de Bobby Darin, com quem Francis teve um breve relacionamento antes de ele se casar com Sandra Dee.