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Reflexos da humanidade em uma tarde chuvosa 674q2z

Por Gisela Breno

31 de outubro de 2024, às 14h21 • Última atualização em 10 de dezembro de 2024, às 09h52

Tarde fria e chuvosa. Paro no semáforo e pela janela do carro o vejo oferecendo balas.

Cabelos grisalhos, desajeitados, barba branca, roupa surrada fazem sua aparência ser de um homem eivado de sofrimentos.

Caminha em minha direção com um largo sorriso, que expõe a falta de dentes.

Impossível não se emocionar diante de tantas contradições.

Eu, aquecida e confortável, separada pela porta do automóvel daquele pobre homem, que na chuva, tentando ganhar dinheiro para comprar o caro feijão nosso de cada dia, o faz com um sorriso próprio daqueles, que não se vergam diante das dificuldades da vida.

Envergonhada frente a tantas desigualdades, tento corresponder ao seu rosto sorridente, também oferecendo uma quantidade de dinheiro pelas balas à venda.

Enquanto o carro se afasta, percebo que aquele encontro fugaz não foi mero acaso, mas um espelho, que reflete a nossa humanidade partilhada. Ele, que poderia ser meu pai, meu tio, meu irmão, carrega em si a força e a coragem de quem luta, ainda que invisível aos olhos de muitos. Sua imagem me acompanha, não como lembrança triste, mas como um chamado. Um chamado para não esquecer que, apesar de tudo que nos separa, somos feitos da mesma carne, imagem e semelhança do Criador, e que a mudança para mitigarmos tamanhas desigualdades, começa quando enxergamos o outro como parte de nós mesmos.

Gisela Breno

Professora, Gisela Breno é graduada em Biologia na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e fez mestrado em Educação no Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo). A professora lecionou por pelo menos 30 anos.