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8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
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O que vão querer: um branco ou um tinto? jq4n

Ao lado do prédio onde morei, no Rio, existia o Beco das Garrafas; ali, nasceu a Bossa Nova

Por Oswaldo Nogueira

01 de setembro de 2024, às 08h34 • Última atualização em 01 de setembro de 2024, às 10h38

Ainda jovem, trabalhava como vendedor, e a empresa me transferiu para o Rio de Janeiro. Preparei o meu Gordini branco, cujo slogan era “40 HP de Emoções”, e, de fato, tive várias emoções durante a viagem. A Via Dutra ainda não era duplicada, e a viagem durou quinze horas. O carro quebrou duas vezes, mas consegui chegar.

Aluguei uma quitinete na Rua Barata Ribeiro, 200, em Copacabana. Quando cheguei ao local, fiquei decepcionado: era um prédio decadente, com mais de 500 apartamentos, conhecido na cidade como “Treme-Treme”. O apartamento tinha um quarto dividido por um guarda-roupa; de um lado ficava uma cama, e do outro, um sofá. Havia uma pequena cozinha, um fogão de duas bocas e uma geladeira enferrujada. Mas era o que meu dinheiro podia pagar. O prédio era tão famoso que, tempos depois, fizeram uma peça teatral e um filme chamados “Um Edifício Chamado 200”.

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Ao lado do prédio, existia o Beco das Garrafas: uma rua sem saída com vários prédios, onde pequenas boates tocavam música ao vivo. Havia muito barulho na rua, e, em protesto, os moradores dos apartamentos atiravam garrafas nas pessoas. Ali nasceu a Bossa Nova. Eram os Anos Dourados do Rio.

Eu não podia imaginar que muitos daqueles artistas que perambulavam por lá seriam sucesso no cenário musical brasileiro. Com muitos deles, eu dividia um espaguete ao sugo na lanchonete da esquina, entre eles, Wilson Simonal.

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Havia também um tipo inesquecível, Ronaldo Bôscoli, repórter da revista semanal “Manchete” e compositor de lindas músicas junto com Roberto Menescal. “O Barquinho” é a minha favorita. Carismático e divertido, ele fazia muito sucesso com o público feminino e namorava Nara Leão. A cantora Maysa, famosa na época, o convidou para acompanhá-la na turnê que faria na Argentina. Voltaram namorados, mas a relação não durou muito. Em seguida, ele ficou com Elis Regina, com quem teve um filho. Assim como suas paixões, ele teve um fim triste. Maysa morreu quando o carro que dirigia se chocou contra a mureta da Ponte Rio-Niterói, e Elis Regina faleceu em consequência de uma overdose de cocaína.

Quando Bôscoli já estava muito doente, fomos visitá-lo no hospital. Ele estava na UTI, tomando soro em um braço e uma transfusão de sangue no outro. Quando entramos no quarto, ele não perdeu o bom humor. Levantou os braços e disse: “O que vão querer, um branco ou um tinto?”. Morreu dois dias depois.

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Oswaldo Nogueira

Empresário e ex-vereador de Americana, escreve sobre temas do cotidiano com o objetivo de ser uma fonte de provocação e reflexão para os leitores; coluna quinzenal