O movimento que enfraquece a diversidade nas empresas 1o5170
Cada vez mais, debates sobre temas ordinários e complexos são tratados como ideológicos
Por Marcos Tonin
09 de março de 2025, às 10h06 • Última atualização em 09 de março de 2025, às 10h08
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Vivemos em um período em que a polarização se tornou predominante não apenas no campo político, mas também no ambiente corporativo. Cada vez mais, debates sobre temas ordinários e complexos são tratados como ideológicos, nos quais, o “não concordar” ou a ser visto como afronta. Esse fenômeno reflete um problema crescente da sociedade global: a dificuldade em aceitar e lidar com as diferenças de opinião.
Um exemplo recente dessa polarização foi a corrida ao Oscar do filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles. O longa, que contou a história de resistência e superação, gerou discussões intensas e polarizadas pelo Brasil, discussões estas muito mais focadas na posição política da atriz e do diretor, do que pelo reconhecimento artístico da obra.
Nos ambientes de trabalho, essa polarização se reflete de maneira ainda mais preocupante. Se antes as discussões e divergências de opiniões eram vistas como oportunidades de crescimento e inovação, hoje, muitas vezes, são interpretadas como ataques pessoais.
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O simples ato de discordar de um colega, chefe ou subordinado, mesmo com a intenção de construir algo novo, tem sido cada vez mais visto como assédio moral, ao invés de uma chance de repensar e melhorar processos. Isso cria um ambiente onde o debate saudável é veementemente desencorajado, e as diferenças se tornam motivo para afastamento ou punição, ao invés de serem vistas como um o para a evolução organizacional.
Esse paradoxo a a ser ainda mais complexo em tempos de crescente valorização da diversidade corporativa. Empresas falam sobre incluir pessoas de diferentes gêneros, etnias e orientações, o que é extremamente positivo. No entanto, surge uma contradição: muitas dessas mesmas empresas não estão abertas à diversidade de pensamentos e opiniões. Como falar de inclusão se não aceitamos opiniões divergentes? A verdadeira diversidade vai além da aparência, gênero ou identidade de uma pessoa. Ela também deve incluir o respeito pelas diferenças de pensamento. As empresas precisam refletir: estamos realmente promovendo um ambiente inclusivo se criamos barreiras para aqueles que pensam diferente? A resposta a essa pergunta é urgente.
É necessário resgatar a capacidade de dialogar. O crescimento organizacional não vem da homogeneização das ideias, mas da pluralidade de pensamentos que se confrontam de maneira respeitosa. O papel do RH e das lideranças é garantir que, apesar das diferenças ideológicas, o ambiente de trabalho permaneça aberto e focado na colaboração.
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A verdadeira força de uma equipe está na capacidade de unir diferentes perspectivas. Quando as organizações promovem a diversidade de opiniões, criam um espaço fértil para aprendizado, crescimento e inovação.
Em um cenário de crescente divisão, é fundamental que as empresas invistam na aceitação das diferenças de pensamento, além de promoverem diversidade de gênero, raça e outras características. Só assim construiremos ambientes inclusivos, onde o debate saudável e o respeito pelas ideias divergentes sejam motores para a evolução.
Marcos Tonin, especialista na área de gestão e liderança, fala sobre mercado de trabalho em textos quinzenais