O noticiário da semana que ou foi tomado pelas consequências das enchentes que atingiram Santa Bárbara d’Oeste. As cenas de moradores sendo resgatados e tentando salvar seus pertences, bem como da água invadindo ruas e avenidas movimentadas da cidade, são registros que ficarão para a história.

O que se viu nos últimos dias volta a ser mais um alerta sobre como podemos sofrer com a combinação entre mudanças climáticas e desenvolvimento social e urbano. Há tempos, temos assistido em diversos locais do planeta intempéries inéditas, de grande impacto. Mais do que isso, estamos sofrendo na pele novos fenômenos que ocorrem na nossa região.

Em cada episódio do tipo, que traz prejuízos à comunidade, discute-se quão preparados estamos para enfrentá-los. Quase nunca estamos. O desenvolvimento das cidades carrega vícios, erros e desafios históricos, de outras eras. Não se muda o curso de um rio da noite para o dia, tampouco se faz uma obra complexa de drenagem em uma área imensamente urbanizada com grande facilidade. Mas é preciso, obviamente, empenho e inteligência, especialmente do poder público, para que tais desafios sejam superados. Em uma área como a que estamos, deveria estar na lista de prioridades.

A questão é que, muito antes de qualquer estratégia para o enfrentamento de adversidades climáticas, há necessidade de nos conscientizarmos de que há uma grande chance de vermos o mundo assolado cada vez mais por situações do tipo, inéditas e extremas. Mês após mês, por exemplo, registramos recordes de calor. E, ainda assim, vemos grandes potências e indústrias minimizando ou ignorando cenários.

A máxima sobre a importância de cada um fazer a sua parte continua valendo quando se fala em proteção ao meio ambiente, mas sem grandes ações de impacto lideradas por quem tem o controle das decisões que afetam milhões de pessoas, corremos o risco de continuarmos surpreendidos pelas forças da natureza.