O Caixeiro Viajante 622j2n
Feliz 1958 463p34
A violência atual não existia, e o jornalista policial Antônio Maria brincava sobre a paz em Copacabana
Por Oswaldo Nogueira
10 de novembro de 2024, às 09h06
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O Rio de Janeiro ainda era a capital do País, então com 70 milhões de habitantes. A violência atual não existia, e o jornalista policial Antônio Maria brincava sobre a paz em Copacabana: “Assim fica difícil… Como fazer jornalismo só com notícias boas?”.
Era ano de Copa do Mundo, e o Esquadrão de Ouro partiu confiante para a Suécia. Até um psicólogo foi contratado, Dr. João Carvalhaes, que afirmava: “Não acredito em covardia entre os jogadores, nossa índole é de valentia.”
No primeiro jogo, contra a Áustria, o lateral-esquerdo Nilton Santos avançou em direção à meta adversária, e o técnico Vicente Feola, aflito, gritava: “Volta, volta!”. Nilton continuou e fez o nosso primeiro gol na Copa. Quando ou pelo técnico, ouviu: “Boa, boa!”.
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Na final contra a Suécia, o chefe da delegação, Paulo Machado de Carvalho, ordenou que a seleção vestisse o uniforme azul, a cor do manto sagrado de Nossa Senhora Aparecida. Ninguém tremeu: ganhamos de 5 a 2, e a taça do mundo era nossa!
No mês seguinte, a tenista brasileira Maria Esther Bueno foi campeã de duplas em Wimbledon. A glória foi total. “Não somos vira-latas!”, exclamava Nelson Rodrigues na redação do Jornal do Brasil. O orgulho tomava conta dos brasileiros.
A boate Sacha’s, no Leme, reunia grã-finas e políticos famosos. O vice-presidente João Goulart frequentava uma mesa no canto, sempre acompanhado das belas vedetes de Carlos Machado, que havia estreado um novo show no Teatro Recreio.
O laquê em spray chegava ao Brasil, enquanto lambretas e bambolês invadiam as ruas e as marchinhas carnavalescas de duplo sentido tocavam nas rádios.
A Duloren lançou o sutiã extra-largo, para o delírio dos homens que preferiam as “cheinhas”. Ninguém fazia dieta nem academia. A DKW-Vemag chegou ao mercado com 50% de suas peças fabricadas aqui, e dois meses depois a Volkswagen lançaria o Fusca.
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O ator Rock Hudson veio ao Brasil para o Carnaval e fingiu um romance com Ilka Soares para despistar os rumores sobre sua homossexualidade. Adalgisa Colombo foi eleita Miss Brasil, com uma tática incomum: retirou o pancake que o maquiador havia ado nas pernas, aplicou óleo Johnson para brilho e ainda deu uma “cavadinha” no maiô para alongar as pernas.
Tom Jobim começava os primeiros arranjos da Bossa Nova, e o rinoceronte Cacareco foi eleito vereador em São Paulo. “Com Brasileiro Não Há Quem Possa!”. 1958 não deveria mesmo terminar.
*Texto baseado no livro de Joaquim Ferreira dos Santos.
Empresário e ex-vereador de Americana, escreve sobre temas do cotidiano com o objetivo de ser uma fonte de provocação e reflexão para os leitores; coluna quinzenal