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Assis Chateaubriand: de gago e rejeitado a magnata da imprensa e criador do Masp 3g63s

Influente e temido, teve forte presença nos bastidores dos governos de Getúlio Vargas, Eurico Gaspar Dutra e Juscelino Kubitschek.

Por Oswaldo Nogueira

11 de maio de 2025, às 07h55

Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, nascido em 1892, no interior da Paraíba, teve uma infância marcada por dificuldades. Gago, analfabeto até os 10 anos, franzino e vítima constante de zombarias dos colegas, chegou a parar de falar completamente, tamanha sua insegurança. Os pais tentaram diversos tratamentos, sem sucesso. Assis era tomado por pânico ao se deparar com estranhos e pouco se interessava pelo ensino tradicional.

Foi no Convento de São Francisco, em Recife, onde ou a estudar com frades, que aprendeu a língua alemã e começou a superar suas barreiras. Aos 15 anos, teve o primeiro contato com o jornalismo ao trabalhar na recém-fundada Gazeta do Norte, despertando a vocação que mudaria sua vida.

Anos depois, Chateaubriand fundaria o maior conglomerado de mídia do País: os Diários e Emissoras Associados. Com dezenas de jornais, emissoras de rádio e a revista semanal O Cruzeiro, de circulação nacional, ele consolidou seu poder em todo o Brasil. Em 1951, lançou a primeira emissora de televisão da América Latina, a TV Tupi.

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Influente e temido, teve forte presença nos bastidores dos governos de Getúlio Vargas, Eurico Gaspar Dutra e Juscelino Kubitschek. Era conhecido por seus comentários duros e campanhas implacáveis nos meios de comunicação que comandava. Empresas que não anunciavam com ele se tornavam alvos. A indústria Matarazzo, por exemplo, foi denunciada por suposto uso de trabalho infantil. Já a General Electric, grande anunciante, recebia elogios por “se preocupar com o bem-estar dos trabalhadores”. A Coca-Cola, recém-chegada ao Brasil, foi criticada por “vender um líquido suspeito”, mas, uma semana após anunciar no Diário da Noite, ou a ser descrita como “uma bebida agradável, feita com o puríssimo açúcar brasileiro”.

Seu maior legado, no entanto, foi cultural. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, percebeu a oportunidade de adquirir obras de arte na Europa devastada. Com apoio do marchand italiano Pietro Maria Bardi, viajou em busca de peças para o que se tornaria o Masp (Museu de Arte de São Paulo). Para financiar as aquisições, ligava para milionários brasileiros e pedia doações — poucos ousavam negar.

Conseguiu, por exemplo, US$ 160 mil do cafeicultor Jerônimo Lunardelli e do industrial Baby Pignatari. As obras, ao chegarem ao Brasil, eram recebidas com festas luxuosas para a elite carioca e paulista, estimulando novas doações. Bardi se fixou em São Paulo e assumiu a curadoria do museu.

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Chateaubriand ainda foi senador da República e embaixador do Brasil em Londres. Mesmo com o poder que acumulou, manteve hábitos peculiares. Nos últimos anos de vida, costumava cochilar durante eventos solenes e deixava orientações claras ao secretário: “Enquanto for apenas um cochilo, deixe-me dormir. Se eu roncar alto, chute minha canela.”

Assis Chateaubriand morreu em 1968, deixando como principal legado o Masp, que hoje abriga um dos mais importantes acervos de arte do mundo.

Oswaldo Nogueira

Empresário e ex-vereador de Americana, escreve sobre temas do cotidiano com o objetivo de ser uma fonte de provocação e reflexão para os leitores; coluna quinzenal