A dengue e a existência 5m4ct
Por Gisela Breno
03 de abril de 2025, às 11h31
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Há duas semanas sou refém das tramas de um ser ínfimo, sem célula, sem face, vestido apenas de uma cápsula de proteína, e material genético, mas capaz de instalar o caos em mim.
A dengue é febre que arde e devora, um fogo, que dança sem brisa ou aviso. É doença que corrói os minutos, consome os instantes e faz do corpo um cais inseguro.
Como o tempo, que frequentemente nos pesa e castiga, as juntas rangem, a vida se curva, os dias desbotam em sombras tardias, e a luz do amanhecer se turva.
Entretanto em meio ao caos e delírios , a bendita esperança flutua, feito um sopro, um sussurro, um véu ageiro, um brilho ,que insiste, que luta, que dura, mesmo à beira do desespero.
Felizmente , toda dor se rende ao tempo, e mesmo ao partir, deixa sua cicatriz; e a vida, teimosa, começa a refazer seu caminho E eu ainda cambaleante , mas eterna aprendiz, tenho agora a tarefa de desvendar todos os recados e advertências que esta legião de vírus também ,nas entrelinhas, deixaram em meu ser.
Professora, Gisela Breno é graduada em Biologia na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e fez mestrado em Educação no Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo). A professora lecionou por pelo menos 30 anos.