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Adolescente de 17 anos morre na Grande São Paulo após comer bolo que recebeu junto com bilhete anônimo 6w181n

Por FRANCISCO LIMA NETO, PAULO EDUARDO DIAS E FERNANDO AZEVÊDO / Folhapress

03 de junho de 2025, às 19h19

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A adolescente Ana Luiza de Oliveira Neves, de 17 anos, morreu no domingo (1°), em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, depois de receber em casa um bolo entregue por um motoboy com um bilhete anônimo. Ela chegou a ser socorrida, mas não resistiu.

O caso é investigado pela Delegacia de Itapecerica da Serra, que solicitou à Justiça a apreensão de uma adolescente de 17 anos, que confessou o envenenamento por arsênico, segundo o registro policial. Ela também confessou ter envenenado da mesma forma uma outra jovem, em 15 de maio, que quase morreu, segundo os investigadores.

De acordo com a polícia, ela teria agido por ciúme das duas. Um jovem com quem ela teve um relacionamento teria se envolvido com as vítimas. A investigação começou na segunda-feira (2), e o rapaz deve ser intimado a depor nos próximos dias.

Segundo a polícia, a suspeita confessou ao delegado Vitor Santos de Jesus que teria comprado o material tóxico pela internet, o que ainda será analisado na investigação. O corpo da vítima foi levado ao IML (Instituto Médico Legal), que realizou autópsia. O resultado deve ficar pronto em cerca de 30 dias.

A jovem teria feito um brigadeiro para cobrir o bolo que enviou junto com o bilhete anônimo. Ela teria colocado o veneno sobre o doce.

Ela teria agido da mesma forma nos dois casos, de acordo com a investigação. As duas vítimas receberam o doce junto com bilhetes anônimos que as elogiavam.

Segundo apurou a Folha, a polícia conseguiu identificar a placa do veículo do motoboy que fez a entrega. Ele teria ajudado a identificar o endereço da suspeita, que depois confessou o ato à polícia.

De acordo com o boletim de ocorrência, por volta das 17h de sábado (31), a irmã de Ana Luiza, de 18 anos, recebeu o bolo de pote em casa, no Parque Paraíso. Havia um bilhete com a frase “Um mimo pra garota mais linda que já vi” e, no verso, estava escrito Lulu Linda.

Ana Luiza chegou em casa cerca de uma hora depois e comeu o bolo. Por volta das 18h50, ela começou a ar mal. O quadro se agravou e o pai da jovem a levou para um hospital particular. A adolescente foi atendida e diagnosticada com intoxicação alimentar. Depois de medicada, ela recebeu alta.

Porém, no dia seguinte, por volta das 16h, ela ou a ter sintomas mais graves e novamente foi levada ao pronto-socorro, onde já chegou sem sinais vitais.

De acordo com o registro policial, consta no relatório médico que Ana Luiza chegou ao pronto-socorro após aproximadamente 20 minutos de parada cardiorrespiratória. Ela estava cianótica (coloração azulada ou acinzentada da pele, decorrente de oxigenação insuficiente do sangue), com hipotermia, sem batimentos cardíacos e sem respiração.

A equipe médica realizou diversos procedimentos de reanimação, incluindo reanimação cardiopulmonar, mas não teve sucesso.

A causa aparente da morte foi apontada como intoxicação alimentar conforme atestado assinado pelo médico do pronto-socorro.

Depois da confissão, a suspeita aguarda na delegacia. O delegado fez representação à Justiça para apreensão dela e encaminhamento à Fundação Casa.

A reportagem presenciou o momento em que um parente da suspeita pediu perdão ao pai de Ana Luiza, Silvio Ferreira das Neves, que chegou à delegacia por volta das 13h35 desta terça. Ele estava acompanhado de outros três homens.

O enterro de Ana Luiza ocorreu de manhã no Cemitério Municipal Recanto do Silêncio, em Itapecerica da Serra.

“É difícil demais para mim, entendeu. Perdi o amor da minha vida. Só Deus para me dar força porque minha filha não merecia isso”, desabafou o pai. “Uma pessoa do bem, não tinha vício nenhum, não mexia com ninguém, trabalhadeira.”

O velório foi acompanhado por dezenas de pessoas que aplaudiram muito durante a despedida da jovem.

A família ainda vive o luto pela morte da mãe de Ana Luiza há dois anos.

“A Luiza era alegria, era para cima, uma convicção, uma plenitude de que tudo vai dar certo. [Depois de] Tudo que ela ou de perder a mãe, mas tava sempre sorrindo e falando ‘nós vamos conseguir'”, disse Edna Antônio Neves, tia de Ana Luiza.

Um professor da adolescente elogiou o pai dela e disse que Ana Luiza tinha muitos amigos.

“É um pai guerreiraço, paizão mesmo, ficou com a missão de cuidar das filhas. A menina na flor da idade, começando a trabalhar recentemente, pensando no seu futuro, cheia de amigos”, disse André Goulart Carvalho.

A loja Menina Trufa, onde o bolo foi comprado, se solidarizou com a família e afirmou que não entregou o bolo.

“A Menina Trufa é a fabricante do produto, mas não foi responsável pela entrega à adolescente. Uma pessoa adquiriu o produto na loja como se fosse para consumo próprio, levando este para outro lugar que ainda é desconhecido’, afirmou.

A entrega, segundo o estabelecimento, foi realizada de um local desconhecido por um motoboy que não presta serviços à empresa.

“Repudiamos qualquer tentativa de associação indevida à nossa marca. Prezamos pela ética, segurança alimentar e transparência em tudo que fazemos. Estamos colaborando com as autoridades e seguimos à disposição para quaisquer esclarecimentos. Nossos sentimentos mais sinceros à família e amigos”, finalizou.

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